Com 18,2% do território
nacional o Semiárido brasileiro é o mais chuvoso do planeta, porém as chuvas
são irregulares no tempo e no espaço, por isso quem vive na região tem na
cultura do estoque uma das principais estratégias de convivência com o
Semiárido para a garantia da segurança hídrica e alimentar.
Com a possibilidade de
guardar a água da chuva para continuar produzindo na época da escassez
agricultores e agricultoras aumentaram a capacidade de garantir sua soberania e
segurança alimentar. Agricultores e agricultoras familiares estocam água,
sementes e alimento, cultivam, semeiam e colhem de forma agroecológica e
potencializam a região como uma grande produtora de alimentos saudáveis no
Brasil.
Para Valquíria Lima,
coordenadora executiva da ASA pelo estado de Minas Gerias, “cultura de estoque
é a base da convivência com o Semiárido, é a partir da compreensão e
implementação da mesma pelas famílias camponeses que nasce e se consolida a
convivência. A necessidade de estocar:
água, alimentos, saberes,
sabores, sementes e forragens, possibilita que as famílias possam garantir sua
soberania alimentar, sua dignidade e liberdade e a conquista da permanência da
vida em seu território convivendo harmonicamente com o seu bioma. ”.
Nos últimos 15 anos,
milhares de famílias da região Semiárida conquistaram o acesso à água de beber
e de produzir através de tecnologias sociais de captação de água da chuva,
muitas implementadas pela ASA como resultado da mobilização social e da
consolidação de importantes políticas públicas garantidas pelo Estado.
Para continuar no avanço dessas políticas é
preciso que as ações da sociedade civil no campo da convivência com o
Semiárido, acesso à água e da agroecologia continuem tendo apoio. Mesmo
nos últimos cinco anos de forte seca na região.
Muitas famílias conseguiram manter uma produção de alimentos para o consumo e comercializar o excedente em feiras e através de programas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Muitas famílias conseguiram manter uma produção de alimentos para o consumo e comercializar o excedente em feiras e através de programas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Essas informações
contribuem para desmistificar a ideia do agronegócio como grande produtor de
alimentos. Ao contrário é da agricultura familiar que vem 70% dos alimentos
consumidos pela população, garantindo além de quantidade diversidade. A metade
dos estabelecimentos da agricultura familiar no Brasil está no Semiárido o que
também confere à região um grande potencial na produção de alimentos saudáveis.
Gerando vidas, cultivando
o futuro - Com o objetivo de dar visibilidade a estratégia de estoque e outras
estratégias de convivência com o Semiárido para produção de alimentos
saudáveis, a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) lança, no mês de outubro, a
Campanha “Semiárido que Alimenta, gerando vida e cultivando o futuro”. A
campanha será veiculada nas redes sociais da Articulação por um período de três
meses.
“O Semiárido gera vida
constantemente” e alimenta o futuro porque tem na saberia dos seus povos,
alimentado em suas práticas de convivência diária, com apoio, investimentos e
tecnologias apropriadas se tornado a grande região brasileira produtora de
alimentos saudáveis. Alimentos que fazem bem para quem plantam, para que
consome e para o meio ambiente onde é cultivado.
Assim, essa campanha, é
mais um passo de diálogo com a sociedade brasileira, de visibilidade as ações e
práticas transformadoras e geradoras de vida que os povos do semiárido ao longo
dos anos através das lutas e residência implementação em seus territórios. ”,
afirma Valquíria Lima.
Além de conhecer mais
sobre o tema, a população poderá contribuir com a doação de recursos que serão
investidos em ações de convivência apoiadas pela rede. Essa ação tem como
objetivo captar recursos para apoiar ações de convivência.
A ideia da Campanha é
comunicar a sociedade brasileira que a agricultura familiar de base
agroecológica gera alimentos adequados e saudáveis, que trazem benefícios para
a saúde e o meio ambiente, além de gerar renda através de relações sociais
justas.
Além dos temas da
agroecologia e acesso à água, a ação também vai trabalhar nas redes sociais
temas como segurança alimentar e nutricional, reforma agrária, acesso à terra,
mulheres, sementes e políticas públicas.
Fonte: www.asabrasil.org.br
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