Como poucas vezes, a Campanha da Fraternidade aponta para realidades tão
concretas. Mesmo com a evidente abrangência do seu tema central - o planeta
terra visto como "casa comum” - a Campanha aborda a questão do saneamento
básico, em torno do qual vai desdobrando os seus objetivos.
Neste sentido,
a Campanha sobre o planeta terra mantém os pés no chão. E centra suas propostas
de atuação em torno do saneamento básico.
Dava para imaginar
que a Campanha nos levasse a abordar as grandes questões, que o despertar da
consciência ecológica vem levantando com insistência em nosso tempo. De tal
modo que nos sentiríamos contemplando do alto de um satélite a girar velozmente
em torno do nosso globo terrestre.
Sem
desconhecer a problemática ecológica, que jaz como pano de fundo de toda a
Campanha, os objetivos específicos insistem em abordar aspectos práticos do
saneamento básico.
Começa por apresentar o saneamento como um direito de todos os cidadãos. Mais um
direito a ser conseguido pelo trabalho e esforço comum.
Percebe-se
então qual a intuição central que levou os promotores da Campanha a insistir no
saneamento básico.
É que ele se constitui num objetivo que decorre da consciência política dos
cidadãos, que despertam para urgir a implementação do saneamento, e que
por sua vez, a abordagem deste assunto leva a aprofundar esta consciência, para
assim ter a força para realizar este objetivo.
Encontramos
aqui um desafio, que cabe ser colocado no contexto da Campanha deste ano.
Acontece que as obras de saneamento básico exigem vultosos
recursos financeiros, cujos resultados não aparecem tão claramente.
Os políticos não gostam de aplicar recursos no saneamento básico, pois
preferem obras que dão mais visibilidade, que lhes rendam mais reconhecimento.
A Campanha
deste ano pretende incentivar os investimentos em saneamento básico, mostrando
as consequências positivas que decorrem de políticas guiadas para o bem comum
da população.
Um dos
objetivos específicos desta Campanha propõe "apoiar e incentivar os
municípios para que elaborem e executem o seu Plano de Saneamento Básico”.
A Campanha
quer, portanto, despertar uma consciência política, que garanta respaldo às
boas iniciativas em torno de projetos de saneamento básico. E assim levar à
superação dos critérios superficiais de avaliação das administrações
municipais.
Outro
posicionamento se refere a eventuais projetos de privatização dos serviços de
saneamento básico. Pois dada a importância deste assunto, o Estado não pode se eximir de administrá-lo diretamente, como política
pública a ser assumida pelo Estado. Daí o claro posicionamento contrário
às tentativas de privatizar os serviços de saneamento básico.
Temos,
portanto uma Campanha com amplos horizontes na sua temática central, mas com
propostas bem concretas de implantação dos seus objetivos.
Um tema amplo,
do tamanho de nosso planeta. Mas com propostas bem concretas, que nos levam a
perceber melhor a importância de urgir políticas públicas voltadas para o
saneamento básico, que tem tanta incidência na vida das pessoas. Por Dom
Demétrio Valentini
Fonte: Adital
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