Por, Áurea
Olímpia Figueiredo Rêgo Assessora de Comunicação (Jornalista DRT/PB:2456)
Na última sexta-feira, 24 de maio, durante uma
audiência pública, realizada na Câmara de Vereadores de Soledade, na Paraíba,
agricultoras e agricultores ligados ao Coletivo Regional das Organizações da
Agricultura Familiar do Cariri, Curimataú e Seridó conseguiram barrar as 94
cisternas de polietileno (PVC), que estavam previstas para serem construídas no
município. As organizações de defesa da agricultura familiar, integrantes da
Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba) são contrárias à tecnologia em
PVC em substituição às cisternas de placas, implementação que gera renda no
próprio município (materiais de construção, pedreiros) e que melhor se adapta a
realidade do semiárido (temperatura da água e fácil manutenção). A decisão
aconteceu durante a audiência pública que teve o objetivo de apresentar à
comunidade o projeto de construção das cisternas que seria executado pelo
Ministério da Integração Nacional por meio do Departamento Nacional de Obras
Contra as Secas (DNOCS) e a formação de um comitê gestor local para o projeto.
Representantes do DNOCS e da empresa vencedora da licitação para as obras, JM
Engenheria e Construtores, estiveram no local para apresentar a metodologia de
execução do projeto. “A empresa e o DNOCS vieram com uma proposta pronta, mas
os agricultores e agricultoras fizeram uso da fala para se colocar contrários a
essas cisternas de polietileno e reafirmaram a sua posição de continuar com as
cisternas de placas”, explica Raquel Nunes, do Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Juazeirinho-PB e da coordenação do Coletivo Regional. Durante a
audiência, o prefeito de Soledade, José Bento (PT-PB), manifestou a sua posição
contrária às cisternas de polietileno, mas afirmou que, na condição de gestor,
não poderia por si, só, se negar a receber o projeto, que conta com a parceria
das prefeituras. No entanto, diante das manifestações das organizações
representativas e dos próprios agricultores, não só de Soledade, mas de
municípios da região como Pedra Lavrada, Cubati, Olivedos, Juazeirinho, Santo
André e São João do Cariri, que compareceram em grande número à audiência, o
prefeito solicitou que a ASA Paraíba, representando as famílias agricultoras,
entregasse um documento formalizando a sua negativa e se comprometendo a buscar
a parceria do Governo do Estado, ou do próprio Ministério da Integração
Nacional, a construção das 113 cisternas, que estariam previstas para Soledade,
para garantir o acesso das famílias da região ao reservatório. Segundo Cláudia
Luciana Cavalcanti, da coordenação do Coletivo Regional, a representante do
DNOCS que esteve na audiência, Maria de Lourdes Barboza de Sousa, ouviu as
reclamações das famílias agricultoras e a posição do prefeito e vai encaminhar
o documento contendo a negativa á diretoria do órgão, de modo que a meta para o
município seja remanejada e as famílias possam receber as cisterna de placas. As
cisternas de PVC fazem parte do Programa Água para Todos, do Governo Federal, e
estão sendo construídas pelo Ministério da Integração Nacional, por meio do
DNOCS. Na Paraíba estava prevista a construção de 4.000 cisternas de
polietileno em 10 municípios: Araruna, Areial, Belém do Brejo do Cruz, Cacimba
de Dentro, Dona Inêz, Igaracy, Quixabá, São Sebastião de Lagoa de Roça, Lagoa e
Soledade. As famílias agricultoras afirmam que, além de funcionar bem, as
cisternas de placas trazem oportunidade de trabalho no campo (ao mesmo tempo em
que recebe o equipamento, a família ajuda também a construí-lo), o material é
comprado na própria comunidade, aquecendo a economia local. Em contraposição as
cisternas de PVC são compradas a uma única empresa e das 300 mil cisternas de
PVC disponibilizadas, muitas já começaram a ter problemas técnicos, como
rachaduras e derretimento devido às altas temperaturas do semiárido. Além disso,
enquanto a cisterna de placas de cimento custa R$ 2.200,00, incluindo material
de construção e todo processo de mobilização e formação, uma cisterna de
polietileno custa hoje R$ 5.090,00, só com equipamento e instalação. A
Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA Brasil) lançou em novembro de 2011 a
campanha Cisterna de Plástico/PVC – Somos Contra! Em Salvador-BA, durante a IV
Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. O objetivo da
campanha é alertar a sociedade brasileira sobre o impacto e efeitos negativos
da disseminação dessas cisternas para o fortalecimento da estratégia de
convivência com o Semiárido, no qual as organizações que fazem a ASA têm
investido seus esforços nos últimos anos.
Fonte: ASA PB
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