Apoiado
pelas pesquisas favoráveis à reeleição da presidente Dilma Rousseff, o PT
começou 2014 com a estratégia de campanha calibrada. Apesar do tom de novidade
da aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva, do PSB, o partido acredita que
o principal adversário continuará sendo o PSDB de Aécio Neves.
“Nosso adversário é o Aécio. O Eduardo Campos
é uma aventura, porque o PSB é um partido que não existe nacionalmente”, diz o
deputado federal André Vargas (PT). Vice- presidente da Câmara dos Deputados e
ex-secretário nacional de comunicação do PT, Vargas é um dos poucos paranaenses
que circulam pela restrita coordenação de campanha de Dilma.
O petista explica
que o núcleo duro do grupo tem apenas cinco nomes – o ex-presidente Lula, o
presidente do partido, Rui Falcão, o publicitário João Santana, o ministro da
Educação, Aloizio Mercadante, e o ex-ministro da Secretaria de Comunicação
Social Franklin Martins. Segundo ele, Lula é uma “peça-chave” que estará na
linha de frente da campanha, com mais liberdade do que em 2010.
Como está a organização da campanha à reeleição? Ainda não se formou propriamente uma coordenação de
campanha. Eu tenho falado sempre com o Rui Falcão sobre alianças, coligações.
Em princípio, o que temos é um comando da campanha, com Rui Falcão, Lula,
Aloizio Mercadante, Franklin Martins e João Santana. É pouca gente, mas tem de
ser assim.
Do
outro lado, temos uma preparação do partido, em si, para a campanha. Aí cada um
vai desempenhando suas funções. À primeira vista, é uma composição diferente da
coordenação de campanha de 2010, comandada pelo grupo que ficou conhecido como
“três porquinhos” – José Eduardo Dutra [então presidente do PT], José Eduardo
Cardozo [atual ministro da Justiça] e Antonio Palocci [ex-ministro da Fazenda e
da Casa Civil].Sim.
É uma situação diferenciada. A começar porque o Lula não vai estar no exercício
do mandato, vai ter mais liberdade. Mas só em fevereiro vai se formatar mesmo
quem assume qual função na coordenação.
Qual será o papel do ex-presidente Lula? Um papel-chave. Primeiro tem que ficar claro que
ele vai para a campanha. Segundo, que ele vai para a campanha com um olhar nas
pesquisas. Ele é um homem pragmático. Ele vai fazer campanha no Nordeste e no
Sudeste. O Lula também tem atuado na pré-campanha abrindo alianças. Essa
proximidade do PT com o Gilberto Kassab (PSD), com o PP, é obra dele. A
deferência que o mundo político tem por ele é enorme.
Qual é a visão interna que existe hoje dos
principais desafios da campanha? Nós
temos várias frentes. Há a frente do governo, que tem que estar entregando
aquilo que se comprometeu a entregar para a população – uma economia estável,
com seguridade fiscal e geração de empregos. Há a frente política, que tem a
missão de montar uma aliança forte. Aliás, já estamos vislumbrando uma aliança
poderosa. Já temos definido o apoio do PMDB e estamos quase fechados com PSD e
PP, que têm o segundo, o quarto e o quinto maior tempo de televisão – fora o
nosso, que é o primeiro. Também estão muito avançados às conversas com o PCdoB,
o PDT, o PR e o PTB. Isso indica uma chapa ainda mais forte que a de 2010.
Está mais fácil formar alianças agora do que em
2010? Sim, está tudo mais possível. Porque há
uma estabilidade no governo. Depois dos protestos de junho, a presidenta
conseguiu fazer algumas inserções políticas importantes, que deram estabilidade
a ela no Congresso Nacional. Com isso, há uma tendência lógica de que os
partidos que apoiam o governo no Congresso fechem conosco na eleição.
A saída do PSB da base, com o lançamento da
candidatura de Eduardo Campos, colaborou para esse cenário favorável de
alianças? Não melhorou. O PSB é um aliado antigo
do PT. Há setores da esquerda do PT que entendem que ainda hoje eles deveriam ser
nossos aliados prioritários. O que estou percebendo é que esse movimento do
Eduardo Campos dificultou a vida do PSDB. Até o momento o PSDB não tem aliança
com ninguém. Nem o DEM declarou ainda apoio a Aécio Neves.
Então a leitura é que a candidatura de Campos pode
ter prejudicado mais a oposição que o PT? É
a leitura que eu já fazia na época em que o PSB atraiu a Marina Silva.
A oposição tinha quatro concorrentes potenciais – Aécio Neves, Eduardo Campos, Marina Silva e José Serra, que podia trocar o PSDB pelo PPS. Agora só sobraram dois [Aécio e Campos]. E ela não tem nenhuma mulher como concorrente direta. Estamos preparados para uma eleição de dois turnos.
A oposição tinha quatro concorrentes potenciais – Aécio Neves, Eduardo Campos, Marina Silva e José Serra, que podia trocar o PSDB pelo PPS. Agora só sobraram dois [Aécio e Campos]. E ela não tem nenhuma mulher como concorrente direta. Estamos preparados para uma eleição de dois turnos.
Mas
o desafio de evitar que a presidenta faça mais de 50% dos votos no primeiro
turno é deles. Tanto o Eduardo Campos quanto o Aécio não podem tirar votos um
do outro porque não resolve essa situação. É uma matemática difícil para eles. Hoje o PT vê como principal adversário Aécio
ou Campos?
Nosso
adversário é o Aécio. O PSDB é um partido mais estruturado. O Eduardo Campos é
uma aventura, porque o PSB é um partido que não existe nacionalmente. O PSB
ainda está tentando montar um palanque. Campos vai ter sérias dificuldades de
entrar no Sul e no Sudeste. Até no Nordeste a vida dele não está fácil. Ele não
conseguiu montar palanques na Bahia e no Ceará. Só sobrou Pernambuco. O PT trabalha com a hipótese de uma briga
entre Aécio e Campos? Até agora, o discurso deles está afinado.
Tudo
indica que haverá uma canibalização da oposição. Nós estamos muito
confortáveis. Temos palanque em todos os grandes estados. É só ver o caso do
Paraná, em que podemos até ter dois [com Gleisi Hoffman (PT) e Roberto Requião
(PMDB)]. Claro que a eleição não está ganha, que precisa ser monitorada até o
dia da votação. Mas nós temos hoje um cenário mais claro e que indica a
reeleição da presidenta. A crise econômica é internacional. Os efeitos aqui
foram e ainda são mornos. Então a oposição não tem pauta para nos atacar.
(Fonte: Gazeta do Povo)
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