segunda-feira, 7 de setembro de 2015

As pessoas e histórias por trás das sementes crioulas no Sertão do Pajeú pernambucano


Por Débora Britto - Núcleo de Comunicação do Centro Sabiá

“Sejam bem vindos à nossa humilde casa. Muita paz e amor, que alegria em recebê-los”, diz a primeira página do caderno de capa dura decorado com adesivos coloridos.

Que formam a mensagem de boas vindas aos visitantes de Maria da Soledade do Nascimento Silva e Alexandre Pedro da Silva, o Seu Alexandre e Dona Soledade, como são conhecidos.

A casa azul cercada de flores é o refúgio do casal que criou 7 filhos e são guardiões de mais de 20 espécies de sementes crioulas de milho, feijão, guandu, pimentas e outras tantas culturas.

A família Nascimento e Silva, que mora há mais de 20 anos no Sítio Carnaubinha, em Triunfo, sertão do Pajeú pernambucano, não tem porque disfarçar o orgulho de partilhar suas riquezas e sabedorias com outras famílias.

O sítio é referência na agricultura agroecológica e ao longo dos anos já recebeu diversas visitas, intercâmbios e interessados em conhecer e aprender com a experiência da família.

Quem planta há tanto tempo sem veneno e em harmonia com a natureza. Como quem recebe antigos amigos, recebem estudantes, pesquisadores, agricultores e agricultoras de outras regiões.

Homem do mundo, quando mais jovem Seu Alexandre viajou e trabalhou fora por muitos anos, inclusive na cidade, no corte da cana e com cultivos de alimentos com agrotóxicos. Dona Soledade, por sua vez, assumiu a criação dos filhos e filhas, os cuidados com a casa e com a roça.

Se os caminhos da vida a levaram a fincar raízes na casa, foi a permanência no campo que a tornou experiente conhecedora e protetora das sementes tradicionais que cultivou ao longo dos anos para alimentar a família.

“Gosto de ficar mesmo em casa e na roça. E outra coisa é que tem muita gente que liga aqui para casa e eu fico também para receber os recados”, conta com tranquilidade.

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