Depois de um ano de "regressão civilizatória" no Brasil,
a presidenta Dilma começa seu segundo ano de mandato com oportunidades de dar
um novo perfil de seu governo. Na avaliação do colunista político Paulo
Vannuchi.
A democracia e os avanços conquistados pelo país nos últimos anos
foram duramente agredidos no período que se iniciou logo após a reeleição da
presidenta. Mas a força dos movimentos sociais nas ruas, combinada com a
fragilização do principal nome da oposição ao governo, o presidente da Câmara
Eduardo Cunha, foram determinantes para o enfraquecimento da tese do
impeachment.
Segundo Vannuchi, em comentário na segunda-feira (11) na Rádio
Brasil Atual, a tentativa de impedimento de Dilma só tem alguma força na
imprensa tradicional. Para ele, os partidos de oposição não têm significância nem
projeto de país para disputar o poder, e são o meio de comunicação que se
encarregam de desconstruir o governo e a realidade.
"O ano terminou com o impeachment perdendo muita força na
vida real, porém não perdeu força na mídia. O impeachment perdeu força porque
Cunha pode perder o mandato, e a prisão dele pode ser um teste para saber se o
juiz Sérgio Moro é um blefe ou é essa figura rigorosa", afirma.
Vannuchi considera que a substituição do ministro Joaquim Levy por
Nelson Barbosa, na Fazenda, pode dar um novo rumo à condução da economia. Levy,
na sua avaliação, por ser "homem de mercado e sem expressão", agiu
como tecnocrata e impôs uma política econômica que saiu do nível recorde de
emprego, ao final do primeiro governo Dilma, para um ambiente de agravamento da
recessão industrial, da inflação, com perda de empregos e queda de receitas por
prefeituras, estados e governo central.
"Vamos ver se Dilma incorpora a dura lição de 2015 e se dá
mais vazão ao projeto que caracteriza sua história", diz Vannuchi,
referindo-se à já cogitada pelo governo reforma da previdência, que pôs as
centrais sindicais em alerta. Ele vê como positivos os sinais de que são
preparados planos de incentivo à construção civil e ao crédito e defende que
Dilma não entre nessa "canoa furada"
O (de mexer com direitos previdenciários) e amplie seu canais de
diálogo com a sociedade, sobretudo os movimentos sociais. "As
manifestações do final do ano mostraram uma esquerda movimentada, com energia
para enfrentar o golpe. Para que 2016 seja um ano de avanços, os movimentos
sociais, como a CUT, e os movimentos estudantis, devem criar uma agenda de
mobilização, manter o diálogo com as esferas do governo e continuar nas
ruas."
Fonte: Rede Brasil Atual
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